março 14, 2018

Curiosidades da Mitologia

A propósito do estudo de Os Lusíadas, aqui vos deixo os mitos de que falámos na aula.


Suplício de Tântalo
Subir ao Parnaso
Passar por uma Odisseia

Partes da Correção teste (C)

1. As estâncias fazem parte do episódio do "Consílio dos deuses",que pertencem ao plano mitológico e estão inseridas na Narração.

2. Os deuses encontram-se sentados por ordem de importância, sendo que os mais "antigos" , considerados "mais honrados"precedem os "menores", Assim, existe uma hierarquia entre os deuses, ocupando os mais poderosos lugares cimeiros e os menos importantes os lugares imediatamente abaixo daqueles. 

3. Júpiter é o deus mais poderoso e importante, designado, assim, pelo pai dos deuses. Nestas estâncias, mostra esse poder, pois é ele que dá início ao consílio, dirigindo-se aos outros deuses, informando-os do assunto que ali vai ser tratado, mas enaltecendo desde logo os feitos da gente lusa e chamando a atenção que "os Fados" já determinaram a sorte dos portugueses.

4. O Consílio dos deuses tem como objetivo determinar o futuro dos portugueses no Oriente.
    No momento em que iniciam a navegação no oceano Índico, mares desconhecidos até então, os deuses reunem-se no Olimpo para decidir se Vasco da Gama e os seus homens são merecedores de prosseguir viagem até à Índia. No entanto, Júpiter realça que essa decisão já está tomada pelos Fados, que nem os deus mitológicos têm poder para contrariar. (vv6,7 e 8 da estância 24).

5. Neste verso encontramos, simultaneamente, uma apóstrofe e uma perífrase.

5.1. Com estes recursos estilísticos pretende-se captar a atenção do auditório e enaltecer a qualidade dos membros desse mesmo auditório, isto é, os deuses. Assim, Júpiter consegue a atenção dos seus pares para o discurso que está prestes a iniciar, recordando-lhe a sua natureza e importância.





TEXTO B


a)F  b)F  c)V  d)V  e)V  f)V g)F

a) O narrador deste episódio é Vasco da Gama que conta a história de Inês de Castro ao rei de Melinde.

b) A história de Inês é contada após a vitória na Batalha do Salado.

g) O episódio de Inês de Castro insere-se no plano da História de Portugal.



GRUPO II

1.1 predicativo do sujeito
1.2 complemento oblíquo
1.3 complemento indireto
1.4 modificador restritivo do nome


março 05, 2018

Apresentação oral

1. Escolhe um tema e comunica-o à professora.
2. Faz um levantamento dos aspetos essenciais relativos ao tema escolhido.
3. Prepara um powerpoint,  prezi ou ainda um vídeo como suporte à tua apresentação, onde esses aspetos se encontrem destacados.
4. Durante a tua apresentação oral, na sala de aula, desenvolverás esses aspetos, com o objetivo de  transmitir  ao auditório o tema que escolheste da forma mais completa que conseguires.

março 03, 2018

Análise do episódio Despedidas em Belém





Despedidas em Belém – Canto IV
Estrutura do episódio
1. Os que partem
- Referência ao estímulo dado pelo rei aos marinheiros (83)
- Vasco da Gama refere o entusiasmo de marinheiros e soldados em o acompanhar (84-85)
- Orações de despedida (86-87)

2. Os que ficam
- A gente da cidade deixa transparecer saudade e tristeza (88)
- Os mais chegados revelam a sua tristeza: os homens com “suspiros”; as mulheres, as mães, as esposas e as irmãs “cum choro piadoso”(89)


Este episódio de Os Lusíadas corresponde ao momento da partida dos marinheiros da praia do Restelo e da despedida dos seus familiares e amigos -  início da viagem de Vasco da Gama à Índia.
O episódio está incluído apenas no canto IV. Seguindo o modelo das epopeias greco-latinas, a narração não começa no princípio da acção (a partida das naus de Lisboa e início da viagem), mas já a meio da acção (in media res): “Já no largo Oceano navegavam (Canto I, est. 19).

O episódio pode ser dividido em 3 partes:

Introdução – est. 83-86
Feita a referência a D. Manuel I, que pagou aos marinheiros e encorajou-os com palavras de louvor, e localizada a acção no espaço e no tempo, observamos o alvoroço geral dos últimos preparativos para o embarque da “gente marítima e a de Marte” (marinheiros e soldados). Prontas as naus, os nautas reúnem-se em oração na ermida de Nossa Senhora de Belém.

Desenvolvimento – est. 87-92
Descreve-se a “procissão solene” do Gama e seus companheiros desde o “santo templo” (ermida) até aos batéis, pelo meio da “gente da cidade”, homens e mulheres, velhos e meninos, com relevo especial para as mães e esposas.
Tanto os que partiam como os que ficavam se entristeciam e a despedida assume grande emotividade.
“Porque me deixas, mísera e mesquinha?
“Porque de mi te vas, ó filho caro”

Conclusão – est. 93
Refere-se ao embarque que, por vontade de Vasco da Gama, se fez sem as despedidas habituais para diminuir o sofrimento, tanto dos que partiam como dos que ficavam.




Análise do episódio de Inês de Castro






A partir da terceira estrofe do Canto III de Os Lusíadas há uma mudança de narrador da ação, pois deixa de ser o poeta – narrador heterodiegético (não participante) – para ser Vasco da Gama, um narrador autodiegético (participante). Através de uma longa analepse, o navegador conta a História de Portugal desde o berço até ao momento da viagem.

INÍCIO DA NARRAÇÃO DO GAMA

Estâncias 3 e 5: Após um momento de reflexão, Vasco da Gama ergueu o rosto e falou assim ao rei e a quantos o rodeavam, ansiosos de o ouvir: “Mandaste-me, ó rei, contar a história da minha pátria e não a de um povo alheio. Sentir-me-ei embaraçado ao fazê-lo, pois, como apenas tenho a descrever-te episódios gloriosos, julgarás que narro com parcialidade. Além disso, os feitos dos portugueses são muitos e todo o tempo é pouco para contá-los. Mas, porque me mandas e mereces ser obedecido, tentarei ser breve. Somente a verdade sairá da minha boca e, por mais que diga, ainda ficará muito por dizer. Para seguir uma ordem na minha narrativa, falar-te-ei, primeiro, da nossa terra e só depois das batalhas sangrentas que travámos.”


INÊS DE CASTRO



Plano da História de Portugal (encaixado no plano da viagem)


Estâncias 118 e 121 – Exposição

Estância 22: Dignamente sentado num trono de estrelas, estava Júpiter, empunhando os raios forjados pro Vulcano, símbolos da sua justiça. Transparece-lhe no rosto a beleza que é própria da divindade. A coroa e o cetro que ostenta são feitos de uma pedra mais clara que o diamante.


Estância 118: 
Depois da vitória do Salado sobre os Mouros e regressado D. Afonso IV a Portugal para festejar a paz conseguida com esta guerra, deu-se o caso triste e digno de memória, que até os mortos revolta, daquela miserável que depois de ser morta foi rainha (Inês de Castro).


Estância 119:
 O narrador apresenta-nos o Amor como o grande culpado da morte de Inês, como se esta fosse a sua pior inimiga. Dizem que a sede de amor nem com lágrimas se satisfaz: ela exige sacrifícios humanos nos seus altares.

Estância 120: 
Inês vivia tranquilamente os anos da sua juventude e o seu amor por Pedro nos saudosos campos do Mondego onde confessava à natureza o amor que sentia pelo dono do seu coração. 

Estância 121: 
Na ausência do seu amado socorria-se das lembranças, das memórias de alegria: de noite em sonhos; de dia em pensamentos. 


Estâncias 122 e 131– Conflito

Estância 122: 
Pedro recusa-se a casar com outras belas senhoras e princesas porque o seu amor por Inês fá-lo desprezar os outros. Vendo esta conduta apaixonada e estranha, o pai, D. Afonso IV, considerando o murmurar do povo e a atitude do filho que não se queria casar... 

Estância 123
: ...decide condenar Inês à morte para desse modo libertar o filho, preso pelo amor, julgando que o sangue da sua morte apagaria o fogo desse amor. Mas que loucura foi essa, que permitiu que a mesma espada que combateu os Mouros se levantasse contra uma dama delicada? 

Estância 124: 
O rei inclina-se a perdoar Inês quando esta é levada pelos carrascos à sua presença, mas o povo, com razões falsas e firmes, exige a morte. 
Ela, com palavras inspiradas mais pela dor de deixar os filhos e o seu príncipe que pelo receio da própria morte... 


Estância 125:
 ...levanta os olhos (as mãos estavam a ser atadas pelos carrascos) e, depois de olhar comovidamente os filhos que estavam junto de si, temendo a sua orfandade, disse ao rei e avô: 

Estância 126:
 Se até nos animais ferozes, que a natureza fez cruéis, e nas aves selvagens, que só pensam em caçar, vimos existir piedade para com crianças pequenas como aconteceu com a mãe de Nino e com Rómulo e Remo,

Estância 127:
 ...tu que és humano (se é humano matar uma donzela fraca e sem força, só por amar quem a ama), tem em consideração estas criancinhas. Decide-te pela compaixão delas e minha, pois não te impressiona a minha inocência. 

Estância 128: 
E se na guerra contra os Mouros mostraste saber dar a morte, sabe, agora, dar a vida a quem não cometeu nenhum erro para a perder. Mas se mesmo assim achas que a minha inocência merece castigo, desterra-me para a fria Cítia ou para a Líbia ardente onde viverei em sofrimento para sempre. 

Estância 129: 
Manda-me para onde haja tigres e leões (animais selvagens) e verei se encontro entre eles a piedade que não encontrei entre humanos; e aí criarei estas criancinhas, a minha única consolação, a pensar em Pedro que amo. 

Estância 130: 
O rei queria perdoar-lhe, impressionado com aquelas palavras, mas o pertinaz povo e o Destino não perdoam. Os que aconselharam a morte e julgando que estavam a fazer um grande feito desembainharam as espadas. É contra uma dama indefesa que vos “amostrais” valentes e cavaleiros? 

Estância 131:
 Do mesmo modo que Pirro prepara o ferro para matar a jovem Policena, que se oferece ao sacrifício, com os olhos postos em sua mãe, de quem era a sua única consolação... 

Estâncias 132 e 137– Desenlace

Estância 132:
 ... assim os algozes de Inês, sem se preocuparem com a vingança de D. Pedro, se encarniçavam contra ela, espetando as espadas no colo de alabastro, que sustinha as obras que fizeram Pedro apaixonar-se por ela, e banhando em sangue o seu rosto, já regado com as suas lágrimas.

Estância 133:
 Bem puderas, ó Sol, não ter brilhado naquele dia, como aconteceu com o sinistro banquete em que Atreu deu a comer a Tiestes os filhos deste. E vós, côncavos vales, que ouvistes o nome de Pedro, na sua voz agoniante, por muito tempo fizestes eco do seu nome. 

Estância 134:
 Assim como a bonina que é cortada antes do tempo por uma menina descuidada fazendo com que murche rapidamente, também Inês perdeu a cor e a vivacidade da pele com a morte.

Estância 135:
 A natureza chorou durante muito tempo a sua morte e quis eternizá-la na fonte das lágrimas que ainda hoje existe.

Estância 136:
 Não levou muito tempo que D. Pedro não tirasse vingança deste crime. Pois, mal subiu ao trono, mandou procurar os homicidas e, em combinação com o rei de Castela, também chamado Pedro, mas de coração mais duro ainda, conseguiu capturá-los no reino vizinho e, trazendo-os a Portugal, deu-lhes uma morte cruel.

Estância 137:
 Durante o seu reinado, foi feita justiça rigorosa aos ladrões e assassinos, já que o maior empenho de D. Pedro foi castigar os maus, fossem eles quem fossem, estivessem onde estivessem.


ALGUNS ASPETOS IMPORTANTES:

Neste episódio lírico, o tom otimista e eufórico da epopeia é deixado de lado. O narrador interpela o Amor acusando-o de ser responsável pela tragédia, sendo a inconformidade do “eu” poético expressa ao longo de todo o episódio, bem como a repulsa pela morte de Inês, chorada até pela natureza.

O amor surge neste episódio personificado como causa da morte de Inês. É apresentado como um sentimento negativo e antitético, pois seduz mas gera as maiores tragédias e tem em Inês uma heroína trágica, vítima desse amor cruel e despótico. É caracterizado negativamente: “puro amor com força crua”, “fero...áspero e tirano”.

Camões altera a verdade histórica e orienta o episódio para uma intensa poetização. O poeta insiste na inocência de Inês como vítima do amor, mais do que vítima de razões políticas ou de estado. O amor é um engano... 

O repúdio do narrador pelos agentes da condenação de Inês contrasta com a simpatia que ele nutre pela personagem, como podemos constatar através da adjetivação usada:


Agentes da condenação
“horríficos algozes”
“com falsas e ferozes Razões”
“duros ministros”
“avô cruel”
“ peitos carniceiros”

Inês de Castro
“fraca dama delicada”
“tristes e piedosas vozes”
“olhos piedosos”
meninos “tão queridos e mimosos”

“brutos matadores”

Esse repúdio é ainda visível na comparação do caso de Inês com outros atos cruéis e aberrantes, bem como na ironia que subjaz à questão “Contra hua dama, ó peitos carniceiros, / Feros vos mostrais e cavaleiros?”.

Em jeito de conclusão, Camões mostra a própria Natureza entristecida diante do crime, chorando a “morte escura” da donzela, perpetuando a fatalidade numa fonte pura de onde correm lágrimas em vez de água, que recordará para sempre tais Amores.

Episódio do Velho do Restelo

O Velho do Restelo (Clica aqui para teres acesso ao episódio)

ou AQUI



fevereiro 26, 2018

Composição da Alexandra


     Hoje em dia, os jovens têm atitudes menos positivas, principalmente durante os anos escolares. A maior parte das pessoas tem grupos com os colegas, mas nesses grupos só estão pessoas com uma melhor qualidade de vida, porque têm roupas de marca, calçado de marca e um bom nível financeiro. Assim, algumas pessoas que não conseguem ter estes padrões são excluídas, ficam de fora desses grupos e têm de andar sozinhas durante os intervalos.
       A geração de hoje em dia devia ser mais unida e ter mais contacto com essas pessoas, pois a aparência não define ninguém. Se alguém começasse por mudar estas atitudes, se calhar a juventude mudava os comportamentos, porque ser excluído de grupos é “ triste” e as pessoas que fazem isso também não gostavam de passar por tal…
       Na escola, as funcionárias, os professores ou mesmo alunos, deviam falar com os diretores de turma para conversarem com os que têm essas atitudes a fim de lhes dar umas lições de vida para pararem de ser estúpidos para com as pessoas que não têm as mesmas hipóteses financeiras, pois o mais importante são os valores e não o estatuto social.

Alexandra Matos, 9ºC, Nº2




fevereiro 22, 2018

Análise do Consílio dos deuses




Início da narração (estância 19): «in medias res», à semelhança das epopeias greco-latinas.

. A ação de Os Lusíadas não é narrada cronologicamente. De facto, o poeta inicia a narração quando a viagem de Vasco da Gama à Índia se situa já no Oceano Índico, perto da costa de Moçambique.
   Esta técnica narrativa, um traço das antigas epopeias, designa-se «in medias res», ou seja, a narração é iniciada a meio dos acontecimentos.

. O início da viagem e os acontecimentos que ocorreram até ao ponto em que a narração é iniciada na estância 19 serão contados posteriormente, num recuo temporal (analepse), pelo próprio Vasco da Gama.

. Espaço:
‑ Oceano Índico;
‑ «largo» (espaço marítimo vasto);
‑ ondas «inquietas» (ondulação ligeira ‑ personificação);
‑ os ventos brandos, tranquilos, serenos (personificação: «respiravam» ‑ v. 3);
‑ as velas «inchadas» pelo vento, fazendo movimentar as naus, que vão cortando as ondas;
‑ a espuma branca (causada pela ondulação e pela deslocação das naus).
Em suma, a viagem dos Portugueses decorre num ambiente calmo, tranquilo, sereno, com os ventos a «empurrarem» as naus.

. Plano estrutural: viagem.

. Há uma estreita ligação entre esta estância e a seguinte (20), expressa pelo advérbio «já» e pela conjunção subordinativa temporal «quando», os primeiros vocábulos de cada estância ‑ aquele correspondente à oração subordinante e este à subordinada adverbial temporal ‑, a marcarem a simultaneidade dos dois acontecimentos – a viagem e o consílio. Note-se que a frase iniciada na estância 19 só termina no verso 4 da estância 20.

. Uso do pretérito imperfeito e do gerúndio: o decurso e a continuidade da viagem.



. 1.ª parte (est. 20-23) ‑ Introdução – Início do consílio: convocação dos deuses por Júpiter, sua viagem e chegada.

. Plano: mitologia (o consílio dos deuses).

. Local de realização do consílio: Olimpo (cadeia de montanhas situada entre a Macedónia e a Tessália que era considerada a morada dos deuses).

. Convocatória e presidência: Júpiter.

. Mensageiro: Mercúrio, o mensageiro dos deuses, leva a mensagem de Júpiter às divindades.

. Objetivo do consílio: decidir se os Portugueses vão ou não chegar à Índia («Sobre as cousas futuras do Oriente» ‑ estância 20, v. 4 – isto é, o futuro do Oriente).

. Participantes: os deuses que governam os Sete Céus, de Norte a Sul e Este a Oeste.

. Retrato dos deuses:
‑ governam / comandam a vida dos homens («Onde o governo está da humana gente» ‑ est. 20, v. 2);
‑ governam os Sete Céus – todo o céu («deixam dos Sete Céus o regimento, / Que do poder mais alto lhe foi dado» ‑ est. 21, vv. 1-2);
‑ provêm de todo o cosmos, dos diferentes pontos cardeais (Norte a Sul, Este a Oeste), mas juntaram-se no Olimpo num instante («Ali se acharam juntos, num momento» ‑ est. 21, v. 5);
‑ governam todo o céu, toda a terra e todo o mar só com o pensamento («Alto poder, que só c’o pensamento / Governa o Céu, a Terra e o Mar irado» ‑ est. 21, vv. 3-4);
‑ são, em suma, omnipotentes e muito poderosos.

. Retrato de Júpiter:
‑ é o Pai dos deuses («Estava o Padre ali» ‑ est. 22, v. 1);
‑ é o presidente do consílio;
‑ é sublime e digno;
‑ é o senhor do raio;
‑ está sentado num trono faiscante de estrelas;
‑ tem um gesto alto, severo e soberano (tripla adjetivação);
‑ «Do rosto respirava um ar divino»;
‑ exala um ar que transformaria um corpo humano num ser divino;
‑ tem um cetro e uma coroa resplandecentes, feitos de uma pedra mais luminosa que o diamante (comparação hiperbólica);
‑ possui um tom de voz «grave e horrendo» (dupla adjetivação), isto é, que impõe respeito e temor;
‑ ocupa um lugar privilegiado, mais elevado (senta-se num lugar mais elevado, superior ao dos demais deuses; repetição do adjetivo «alto»: «poder mais alto», «alto poder», «gesto alto»);
‑ símbolos: os raios de Vulcano, a coroa e o cetro (símbolos de poder).

- poder
- superioridade
- severidade
- distinção
- majestática dignidade

. Chegada e disposição dos deuses no consílio:
‑ Júpiter ocupa o lugar mais elevado;
‑ os restantes deuses eram distribuídos hierarquicamente, por ordem de importância, de acordo com as suas dignidades («Como a Razão e a Ordem concertavam»).

. Nestas estâncias, está presente a luminosidade característica das entidades divinas, visível nos nomes e adjetivos do campo lexical de luz: «estrelas», «cristalino», «rutilante», «clara», «diamante», «luzentes», «ouro», «perlas», etc.

. A intenção de Camões é caracterizar os deuses como seres superiores, respeitados e temidos pelo Homem. De facto, os deuses apresentam-se como seres imponentes no aspeto e nos ambientes que frequentam. Esta imponência concretiza o objetivo do maravilhoso n’Os Lusíadas: uma alegoria de enaltecimento dos feitos portugueses, que, por ação dos deuses olímpicos, atingiram uma grandeza transcendente. A sublime majestade dos deuses olímpicos acaba por se refletir na grandeza e no caráter sublime dos feitos dos Portugueses.


. 2.ª parte (estâncias 24 a 29). Exposição – Início do consílio propriamente dito.

a) Discurso de Júpiter (est. 24 a 29).

. Introdução (est. 24):
‑ Destinatário do discurso: os deuses («Eternos moradores do luzente» ‑ perífrase: o Olimpo).

‑ Caracterização dos Portugueses: «grande valor da forte gente» (est. 24, v. 3).

‑ Profecia dos Fados (decisões a que nem os deuses podem opor-se e contrariar): os Portugueses tornar-se-ão mais famosos do que os povos da Antiguidade – Assírios, Persas, Gregos e Romanos ‑, isto é, os seus feitos farão esquecer os feitos e as glórias desses povos.

‑ A sumária alusão aos Portugueses, ao seu valor e valentia, e a referência à profecia dos Fados permitem antecipar a posição favorável de Júpiter relativamente à empresa lusitana.

. Desenvolvimento (est. 25 a 28): Argumentos de Júpiter:

‑ Os feitos passados dos Portugueses: o valor, a coragem e a força demonstrados na luta e nas grandes vitórias alcançadas contra os Mouros (est. 25, v. 2) durante a Reconquista, contra os Castelhanos para assegurar a independência (est. 25, v. 5) e nas guerras contra os Romanos, capitaneados por Viriato e por Sertório (est. 26), general romano («peregrino» = estrangeiro) que se uniu aos lusitanos contra o seu próprio povo após a morte de Viriato e que fingia ter por conselheira uma corça que o acompanhava e que teria poderes de adivinhação. Todos estes sucessos foram obtidos em inferioridade numérica e desproporção de forças («Cum poder tão singelo e tão pequeno, / Tomar ao Mouro forte e guarnecido» ‑ antítese – est. 25, vv. 2-3), apenas com a ajuda divina («favor do Céu sereno» ‑ est. 25, v. 6).

‑ Os feitos do presente (advérbio de tempo «agora»):
. a coragem e a ousadia de navegar por mares incertos («duvidoso mar» ‑ est. 27, v. 2) desconhecidos («Por vias nunca usadas» ‑ est. 27, v. 3), em frágeis embarcações («num lenho leve» ‑ metonímia ‑ est. 27, v. 2), sem temer a força dos ventos («não temendo / De Áfrico e Noto a força» ‑ est. 27, v. 4)
. a persistência dos Portugueses, apesar do tempo de viagem já decorrido («Que, havendo tanto já que as partes vendo / Onde o dia é comprido e onde breve» ‑ est. 27, vv. 5-6), do cansaço («A gente vem perdida e trabalhada» ‑ est. 28, v. 6) e do sofrimento e das dificuldades e perigos enfrentados durante a viagem («duro inverno», «ásperos perigos», «climas e céus experimentados», «furor de ventos inimigos» ‑ est. 28 e 29).

‑ Os feitos do futuro – profecia: o Fado já havia determinado que detivessem, por longo tempo, o domínio do Oriente («Prometido lhe está do Fado eterno, / Cuja alta lei não pode ser quebrada, / Que tenham longos tempos o governo / Do mar que vê do Sol a roxa entrada.» ‑ est. 28, vv. 1-4) e nada nem ninguém o pode contrariar («Cuja alta lei não pode ser quebrada» ‑ est. 28, v. 2).

. Conclusão ‑ Decisão de Júpiter: por estes motivos e como prémio de terem já vencido tantos perigos e de «tanto furor de ventos inimigos», Júpiter determina que os marinheiros lusos sejam «agasalhados» na costa africana, para seguirem o seu caminho até à Índia, isto é, que os Portugueses sejam recebidos como amigos e ajudados na costa africana, no restabelecimento das forças e das naus, para que a viagem possa prosseguir (estância 29).


. 3.ª parte (est. 30 a 40) – Conflito: reação dos deuses ao discurso de Júpiter.

1) Divisão de opiniões entre os deuses: uns opõem-se à atitude favorável de Júpiter, outros defendem a posição do pai dos deuses (4 versos iniciais da est. 30). A forma como os deuses se envolvem na discussão revela a importância que atribuem ao assunto, isto é, o sucesso ou insucesso da empresa dos Portugueses, o que lhes confere um estatuto especial.

2) Posição de Baco (2.ª metade da estância 30 à estância 32): oposição à decisão de Júpiter, isto é, à empresa dos Portugueses.

a) Argumentos de Baco (em discurso direto):
‑ o receio de que os seus feitos no Oriente sejam esquecidos caso os Portugueses aí cheguem (est. 30, vv. 5-8);
‑ o receio de que a chegada dos Portugueses («gente fortíssima de Espanha» ‑ est. 31, v. 2) e as suas «novas vitórias» (est. 31, v. 5) façam desaparecer o seu renome, a sua glória e a sua fama, conforme profecia dos Fados (estância 31);
‑ o deus dominou a Índia («já teve o Indo sojugado» ‑ metonímia – est. 32, v. 1) e foi, por isso, cantado pelos poetas, os que «bebem a água de Parnaso» (est. 32, v. 4); com a chegada dos Portugueses, receia que o seu nome glorioso, cantado pelos poetas, caia no esquecimento (metáforas dos versos 5 a 7 da estância 32).

b) Simbolismo de Baco:
‑ as dificuldades e obstáculos enfrentados pelos Portugueses durante a sua navegação;
‑ os interesses prejudicados de mouros e outros indígenas e mesmo de Portugueses cuja posição social poderia ser afetada.

3) Posição de Vénus (est. 33 e 1.ª parte da est. 34): Defesa e apoio à viagem dos Portugueses.

a) Razões de Vénus:
1) a simpatia que sente pelos Portugueses («Afeiçoada à gente Lusitana» ‑ perífrase – est. 33, v. 2) porque são um povo semelhante ao seu amado povo romano (descendente de Eneias, seu filho, nascido em Tróia, que seguiu para Itália, depois da destruição daquela cidade pelos Gregos e, segundo Virgílio, foi o progenitor dos Romanos), proximidade essa visível em aspetos como:
i) a grande valentia e fortuna («Nos fortes corações, na grande estrela» ‑ est. 33, v. 5) mostradas na guerra no Norte de África («terra Tingitana» ‑ est. 33, v. 6);
ii) as semelhanças a nível da língua (entre o português e o latim) – est. 33, vv. 7-8;
‑ a certeza de que o seu nome e o culto do Amor, que ela simboliza, serão sempre celebrados, no Oriente, em todos os lugares onde os Portugueses chegarem (est. 34, vv. 1-4).

b) Vénus simboliza a civilização ocidental e o seu desejo de expansão no Oriente.

c) Esta disputa entre Baco e Vénus significa um conflito de interesses: de um lado, a inveja, o despeito, o receio de perda de influência; do outro, a simpatia e o desejo de glória. Ou seja, os deuses evidenciam, na sua discussão acalorada, sentimentos bem humanos.

4) Ponto da situação do consílio (2.ª parte da est. 34 e est. 35):
a) Baco teme a infâmia resultante da perda de influência no Oriente;
b) Vénus ambiciona as honras e a glória que os portugueses lhe poderão proporcionar;
c) A divisão dos deuses no apoio às duas partes gera um tumulto comparável a uma tempestade gigantesca na floresta e nas montanhas (além da comparação, destaque para as aliterações em «r», «f», «t», sugerindo o ruído da tempestade; para a adjetivação, para as sensações visuais e auditivas, para a hipérbole, todos estes recursos sugerindo a sua violência).

5) Posição de Marte (est. 36 a 40): toma o partido de Vénus e dos Portugueses.

a) Razões o apoio de Marte:
‑ o «amor antigo» que nutria por Vénus, também ela defensora da causa lusitana («ou porque o amor antigo o obrigava» ‑ est. 36, v. 3);
‑ o merecimento da «gente forte» (est. 36, v. 4).

b) Descrição de Marte: a força, a majestade e imponência, características evidenciadas pelo seu aspeto, pelas atitudes e pelo efeito que aquelas têm na natureza e nos próprios deuses:
‑ a adjetivação expressiva, dupla e tripla por vezes: «merencório», «medonho e irado», «armado, forte e duro», «penetrante», etc.;
‑ a armadura de guerreiro e os símbolos: o escudo, o elmo com viseira de diamante, o bastão;
‑ as suas atitudes de firmeza, determinação e revolta, de um guerreiro forte (atentar na adjetivação expressiva):
- levanta-se diante dos deuses (para se destacar, ser visto, avançar em direção a Júpiter);
- atira o escudo para trás, «medonho» e «irado» (para poder falar melhor);
- levanta a viseira do elmo «mui seguro» (para poder ver melhor);
- coloca-se diante de Júpiter, «armado», «forte» e «duro» (para mostrar que não o teme);
- dá uma pancada tão violenta com o bastão que Apolo perde um pouco a cor (para chamar a atenção) [«O Céu tremeu, e Apolo, de turvado, / Um pouco a luz tremeu, como infiado;» ‑ hipérbole: realça a violência e a fúria da pancada do bastão de Marte no chão sagrado do Olimpo, a tal ponto que o próprio Céu tremeu e o Sol (ambos personificados) até perdeu a luz].

c) Argumentos de Marte (em discurso direto):
‑ o mérito e a bravura dos portugueses, gente guerreira (Marte é o deus da guerra), reconhecidos pelo próprio Júpiter no seu discurso [«esta gente (…) / Cuja valia e obras tanto amaste» ‑ est. 38, vv. 3-4];
‑ a inveja e a falsidade das razões apresentadas por Baco [«Não ouças mais (…) / Razões de quem parece que é suspeito» ‑ est. 38, vv. 7-8; estância 39];
‑ é sinal de fraqueza voltar atrás numa decisão tomada («Da determinação que tens tomada / Não tornes por detrás, pois é fraqueza / Desistir-se da cousa começada» ‑ est. 40, vv. 2-4).

d) Conclusão: Marte solicita a Júpiter que dê cumprimento à sua determinação de ajudar os Portugueses, ordenando a Mercúrio, o mensageiro, que indique aos nautas lusos a terra onde podem colher informações sobre a Índia e restabelecer-se da viagem, retemperando forças.

                Observe-se como Camões faz surgir Marte diante de Júpiter, com uma força e autoridade quase iguais à do pai dos deuses. Tal sucede não apenas por se tratar do deus da guerra. De facto, a intenção do poeta era apresentar Marte como o símbolo da força, da coragem, da vitória, um símbolo da força dos Portugueses (povo «que a Marte tanto ajuda»), do seu amor à luta, das suas vitórias passadas e futuras. Note-se, por outro lado, que, após o seu discurso, favorável aos Portugueses, nenhum deus se atreveu a contrariá-lo e o próprio Júpiter consentiu no que o deus da guerra disse.


. 4.ª parte (est. 41) – Desenlace:
‑ Júpiter assente no que Marte disse («Como isto disse, o Padre poderoso, / A cabeça inclinando, consentiu / No que disse Mavorte valeroso» ‑ est. 41, vv. 1-3);
‑ Júpiter encerra o consílio e os deuses regressam aos seus domínios.




. Narrador

                O narrador do episódio é Camões, um narrador heterodiegético, pois narra na terceira pessoa uma história em que não tomou parte, da qual não foi personagem.


. Glorificação dos Portugueses no episódio

                Este episódio glorifica e engrandece os feitos dos Portugueses, desde logo porque o próprio Júpiter elogia a coragem e a ousadia do povo luso.
                Por outro lado, a referência às descobertas e aos sofrimentos e dificuldades enfrentados engrandece também os Portugueses, tendo em conta o facto de o consílio se realizar unicamente para tomar uma decisão sobre o apoio a dar aos navegadores que procuram chegar à Índia.
                Os próprios receios e oposição de Baco engrandecem o feito, já que uns simples humanos conseguem provocar o temor e a inveja de um deus.

janeiro 22, 2018

Os deuses mitológicos


O Consílio dos deuses


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Auto da Barca do Inferno-Resumo




Resolução de um Questionário

Resposta aos itens da página 123 do Manual do 9º ano (Para)Textos

1. A primeira parte corresponde às estâncias 1 e 2 (assunto do poema); a segunda, à estância 3 (propósito do poeta e da obra).

2.1. No primeiro verso apresentam-se os homens ilustres e os seus feitos de armas (“As armas e os barões assinalados”). 
Podemos designá-los também como os grandes navegadores.

3.1. Para além dos homens ilustres, também são protagonistas da obra os reis responsáveis pela expansão da cristandade e do Império Português (“Reis que foram dilatando/A Fé, o Império”) e todos aqueles cujos feitos nunca serão esquecidos (“aqueles que por obras valerosas/Se vão da lei da Morte libertando”). 
Podemos também designá-los pelos grandes guerreiros e todos os indivíduos que praticaram grandes feitos, no passado, no presente e no futuro.

4. d.

5. “Cantando espalharei por toda a parte” (est. 2, v. 7).

5.1. Com a sua obra, o poeta pretende divulgar universalmente o grande valor dos lusos. A determinação da sua ação é marcada pelo futuro do indicativo (modo verbal associado à enunciação de factos reais/certos) e pelo gerúndio, que, exercendo a função sintática de modificador do grupo verbal, aponta para o meio/modo como será feita a divulgação: através de um canto que se prolongará no tempo.

6.1. O poeta pretende levar a todo o globo a glória dos Portugueses, se tiver talento (“engenho”) e habilidade (“arte”) para tal.


7.1. O herói d’Os Lusíadas é um herói coletivo – o povo Português –, como se comprova pela expressão “peito ilustre Lusitano” (est. 3, v. 5).

7.1.1. O herói d’Os Lusíadas é digno de ser cantado por ter contribuído para a expansão da cristandade e do Império Português, por ter atravessado “mares nunca dantes navegados”, passando por “perigos e guerras esforçados,/Mais do que prometia a força humana”, edificando um “Novo Reino”, e por ter cometido obras “valerosas”.


7.1.2. Este impulso dos Portugueses de ultrapassarem os limites até aí impostos ao Homem relaciona-se diretamente com o espírito humanista de valorização do Homem e dos seus feitos. Assim, os Portugueses, com o seu valor e ânimo, “A quem Neptuno e Marte obedeceram”, triunfaram na navegação e nos feitos militares, chegando à condição de mito.

8. O poeta pretende que sejam esquecidos os grandes nomes da Antiguidade, nomeadamente, Ulisses, Eneias, Alexandre Magno e Trajano, porque estes foram ultrapassados pelos valorosos Portugueses, a quem até os deuses obedeceram. Assim, com o verso final (“Que outro valor mais alto se alevanta”), o poeta anuncia que a fama dos Portugueses ultrapassará a dos heróis cantados pelas epopeias antigas.