março 14, 2018

Curiosidades da Mitologia

A propósito do estudo de Os Lusíadas, aqui vos deixo os mitos de que falámos na aula.


Suplício de Tântalo
Subir ao Parnaso
Passar por uma Odisseia

Partes da Correção teste (C)

1. As estâncias fazem parte do episódio do "Consílio dos deuses",que pertencem ao plano mitológico e estão inseridas na Narração.

2. Os deuses encontram-se sentados por ordem de importância, sendo que os mais "antigos" , considerados "mais honrados"precedem os "menores", Assim, existe uma hierarquia entre os deuses, ocupando os mais poderosos lugares cimeiros e os menos importantes os lugares imediatamente abaixo daqueles. 

3. Júpiter é o deus mais poderoso e importante, designado, assim, pelo pai dos deuses. Nestas estâncias, mostra esse poder, pois é ele que dá início ao consílio, dirigindo-se aos outros deuses, informando-os do assunto que ali vai ser tratado, mas enaltecendo desde logo os feitos da gente lusa e chamando a atenção que "os Fados" já determinaram a sorte dos portugueses.

4. O Consílio dos deuses tem como objetivo determinar o futuro dos portugueses no Oriente.
    No momento em que iniciam a navegação no oceano Índico, mares desconhecidos até então, os deuses reunem-se no Olimpo para decidir se Vasco da Gama e os seus homens são merecedores de prosseguir viagem até à Índia. No entanto, Júpiter realça que essa decisão já está tomada pelos Fados, que nem os deus mitológicos têm poder para contrariar. (vv6,7 e 8 da estância 24).

5. Neste verso encontramos, simultaneamente, uma apóstrofe e uma perífrase.

5.1. Com estes recursos estilísticos pretende-se captar a atenção do auditório e enaltecer a qualidade dos membros desse mesmo auditório, isto é, os deuses. Assim, Júpiter consegue a atenção dos seus pares para o discurso que está prestes a iniciar, recordando-lhe a sua natureza e importância.





TEXTO B


a)F  b)F  c)V  d)V  e)V  f)V g)F

a) O narrador deste episódio é Vasco da Gama que conta a história de Inês de Castro ao rei de Melinde.

b) A história de Inês é contada após a vitória na Batalha do Salado.

g) O episódio de Inês de Castro insere-se no plano da História de Portugal.



GRUPO II

1.1 predicativo do sujeito
1.2 complemento oblíquo
1.3 complemento indireto
1.4 modificador restritivo do nome


março 05, 2018

Apresentação oral

1. Escolhe um tema e comunica-o à professora.
2. Faz um levantamento dos aspetos essenciais relativos ao tema escolhido.
3. Prepara um powerpoint,  prezi ou ainda um vídeo como suporte à tua apresentação, onde esses aspetos se encontrem destacados.
4. Durante a tua apresentação oral, na sala de aula, desenvolverás esses aspetos, com o objetivo de  transmitir  ao auditório o tema que escolheste da forma mais completa que conseguires.

março 03, 2018

Análise do episódio Despedidas em Belém





Despedidas em Belém – Canto IV
Estrutura do episódio
1. Os que partem
- Referência ao estímulo dado pelo rei aos marinheiros (83)
- Vasco da Gama refere o entusiasmo de marinheiros e soldados em o acompanhar (84-85)
- Orações de despedida (86-87)

2. Os que ficam
- A gente da cidade deixa transparecer saudade e tristeza (88)
- Os mais chegados revelam a sua tristeza: os homens com “suspiros”; as mulheres, as mães, as esposas e as irmãs “cum choro piadoso”(89)


Este episódio de Os Lusíadas corresponde ao momento da partida dos marinheiros da praia do Restelo e da despedida dos seus familiares e amigos -  início da viagem de Vasco da Gama à Índia.
O episódio está incluído apenas no canto IV. Seguindo o modelo das epopeias greco-latinas, a narração não começa no princípio da acção (a partida das naus de Lisboa e início da viagem), mas já a meio da acção (in media res): “Já no largo Oceano navegavam (Canto I, est. 19).

O episódio pode ser dividido em 3 partes:

Introdução – est. 83-86
Feita a referência a D. Manuel I, que pagou aos marinheiros e encorajou-os com palavras de louvor, e localizada a acção no espaço e no tempo, observamos o alvoroço geral dos últimos preparativos para o embarque da “gente marítima e a de Marte” (marinheiros e soldados). Prontas as naus, os nautas reúnem-se em oração na ermida de Nossa Senhora de Belém.

Desenvolvimento – est. 87-92
Descreve-se a “procissão solene” do Gama e seus companheiros desde o “santo templo” (ermida) até aos batéis, pelo meio da “gente da cidade”, homens e mulheres, velhos e meninos, com relevo especial para as mães e esposas.
Tanto os que partiam como os que ficavam se entristeciam e a despedida assume grande emotividade.
“Porque me deixas, mísera e mesquinha?
“Porque de mi te vas, ó filho caro”

Conclusão – est. 93
Refere-se ao embarque que, por vontade de Vasco da Gama, se fez sem as despedidas habituais para diminuir o sofrimento, tanto dos que partiam como dos que ficavam.




Análise do episódio de Inês de Castro






A partir da terceira estrofe do Canto III de Os Lusíadas há uma mudança de narrador da ação, pois deixa de ser o poeta – narrador heterodiegético (não participante) – para ser Vasco da Gama, um narrador autodiegético (participante). Através de uma longa analepse, o navegador conta a História de Portugal desde o berço até ao momento da viagem.

INÍCIO DA NARRAÇÃO DO GAMA

Estâncias 3 e 5: Após um momento de reflexão, Vasco da Gama ergueu o rosto e falou assim ao rei e a quantos o rodeavam, ansiosos de o ouvir: “Mandaste-me, ó rei, contar a história da minha pátria e não a de um povo alheio. Sentir-me-ei embaraçado ao fazê-lo, pois, como apenas tenho a descrever-te episódios gloriosos, julgarás que narro com parcialidade. Além disso, os feitos dos portugueses são muitos e todo o tempo é pouco para contá-los. Mas, porque me mandas e mereces ser obedecido, tentarei ser breve. Somente a verdade sairá da minha boca e, por mais que diga, ainda ficará muito por dizer. Para seguir uma ordem na minha narrativa, falar-te-ei, primeiro, da nossa terra e só depois das batalhas sangrentas que travámos.”


INÊS DE CASTRO



Plano da História de Portugal (encaixado no plano da viagem)


Estâncias 118 e 121 – Exposição

Estância 22: Dignamente sentado num trono de estrelas, estava Júpiter, empunhando os raios forjados pro Vulcano, símbolos da sua justiça. Transparece-lhe no rosto a beleza que é própria da divindade. A coroa e o cetro que ostenta são feitos de uma pedra mais clara que o diamante.


Estância 118: 
Depois da vitória do Salado sobre os Mouros e regressado D. Afonso IV a Portugal para festejar a paz conseguida com esta guerra, deu-se o caso triste e digno de memória, que até os mortos revolta, daquela miserável que depois de ser morta foi rainha (Inês de Castro).


Estância 119:
 O narrador apresenta-nos o Amor como o grande culpado da morte de Inês, como se esta fosse a sua pior inimiga. Dizem que a sede de amor nem com lágrimas se satisfaz: ela exige sacrifícios humanos nos seus altares.

Estância 120: 
Inês vivia tranquilamente os anos da sua juventude e o seu amor por Pedro nos saudosos campos do Mondego onde confessava à natureza o amor que sentia pelo dono do seu coração. 

Estância 121: 
Na ausência do seu amado socorria-se das lembranças, das memórias de alegria: de noite em sonhos; de dia em pensamentos. 


Estâncias 122 e 131– Conflito

Estância 122: 
Pedro recusa-se a casar com outras belas senhoras e princesas porque o seu amor por Inês fá-lo desprezar os outros. Vendo esta conduta apaixonada e estranha, o pai, D. Afonso IV, considerando o murmurar do povo e a atitude do filho que não se queria casar... 

Estância 123
: ...decide condenar Inês à morte para desse modo libertar o filho, preso pelo amor, julgando que o sangue da sua morte apagaria o fogo desse amor. Mas que loucura foi essa, que permitiu que a mesma espada que combateu os Mouros se levantasse contra uma dama delicada? 

Estância 124: 
O rei inclina-se a perdoar Inês quando esta é levada pelos carrascos à sua presença, mas o povo, com razões falsas e firmes, exige a morte. 
Ela, com palavras inspiradas mais pela dor de deixar os filhos e o seu príncipe que pelo receio da própria morte... 


Estância 125:
 ...levanta os olhos (as mãos estavam a ser atadas pelos carrascos) e, depois de olhar comovidamente os filhos que estavam junto de si, temendo a sua orfandade, disse ao rei e avô: 

Estância 126:
 Se até nos animais ferozes, que a natureza fez cruéis, e nas aves selvagens, que só pensam em caçar, vimos existir piedade para com crianças pequenas como aconteceu com a mãe de Nino e com Rómulo e Remo,

Estância 127:
 ...tu que és humano (se é humano matar uma donzela fraca e sem força, só por amar quem a ama), tem em consideração estas criancinhas. Decide-te pela compaixão delas e minha, pois não te impressiona a minha inocência. 

Estância 128: 
E se na guerra contra os Mouros mostraste saber dar a morte, sabe, agora, dar a vida a quem não cometeu nenhum erro para a perder. Mas se mesmo assim achas que a minha inocência merece castigo, desterra-me para a fria Cítia ou para a Líbia ardente onde viverei em sofrimento para sempre. 

Estância 129: 
Manda-me para onde haja tigres e leões (animais selvagens) e verei se encontro entre eles a piedade que não encontrei entre humanos; e aí criarei estas criancinhas, a minha única consolação, a pensar em Pedro que amo. 

Estância 130: 
O rei queria perdoar-lhe, impressionado com aquelas palavras, mas o pertinaz povo e o Destino não perdoam. Os que aconselharam a morte e julgando que estavam a fazer um grande feito desembainharam as espadas. É contra uma dama indefesa que vos “amostrais” valentes e cavaleiros? 

Estância 131:
 Do mesmo modo que Pirro prepara o ferro para matar a jovem Policena, que se oferece ao sacrifício, com os olhos postos em sua mãe, de quem era a sua única consolação... 

Estâncias 132 e 137– Desenlace

Estância 132:
 ... assim os algozes de Inês, sem se preocuparem com a vingança de D. Pedro, se encarniçavam contra ela, espetando as espadas no colo de alabastro, que sustinha as obras que fizeram Pedro apaixonar-se por ela, e banhando em sangue o seu rosto, já regado com as suas lágrimas.

Estância 133:
 Bem puderas, ó Sol, não ter brilhado naquele dia, como aconteceu com o sinistro banquete em que Atreu deu a comer a Tiestes os filhos deste. E vós, côncavos vales, que ouvistes o nome de Pedro, na sua voz agoniante, por muito tempo fizestes eco do seu nome. 

Estância 134:
 Assim como a bonina que é cortada antes do tempo por uma menina descuidada fazendo com que murche rapidamente, também Inês perdeu a cor e a vivacidade da pele com a morte.

Estância 135:
 A natureza chorou durante muito tempo a sua morte e quis eternizá-la na fonte das lágrimas que ainda hoje existe.

Estância 136:
 Não levou muito tempo que D. Pedro não tirasse vingança deste crime. Pois, mal subiu ao trono, mandou procurar os homicidas e, em combinação com o rei de Castela, também chamado Pedro, mas de coração mais duro ainda, conseguiu capturá-los no reino vizinho e, trazendo-os a Portugal, deu-lhes uma morte cruel.

Estância 137:
 Durante o seu reinado, foi feita justiça rigorosa aos ladrões e assassinos, já que o maior empenho de D. Pedro foi castigar os maus, fossem eles quem fossem, estivessem onde estivessem.


ALGUNS ASPETOS IMPORTANTES:

Neste episódio lírico, o tom otimista e eufórico da epopeia é deixado de lado. O narrador interpela o Amor acusando-o de ser responsável pela tragédia, sendo a inconformidade do “eu” poético expressa ao longo de todo o episódio, bem como a repulsa pela morte de Inês, chorada até pela natureza.

O amor surge neste episódio personificado como causa da morte de Inês. É apresentado como um sentimento negativo e antitético, pois seduz mas gera as maiores tragédias e tem em Inês uma heroína trágica, vítima desse amor cruel e despótico. É caracterizado negativamente: “puro amor com força crua”, “fero...áspero e tirano”.

Camões altera a verdade histórica e orienta o episódio para uma intensa poetização. O poeta insiste na inocência de Inês como vítima do amor, mais do que vítima de razões políticas ou de estado. O amor é um engano... 

O repúdio do narrador pelos agentes da condenação de Inês contrasta com a simpatia que ele nutre pela personagem, como podemos constatar através da adjetivação usada:


Agentes da condenação
“horríficos algozes”
“com falsas e ferozes Razões”
“duros ministros”
“avô cruel”
“ peitos carniceiros”

Inês de Castro
“fraca dama delicada”
“tristes e piedosas vozes”
“olhos piedosos”
meninos “tão queridos e mimosos”

“brutos matadores”

Esse repúdio é ainda visível na comparação do caso de Inês com outros atos cruéis e aberrantes, bem como na ironia que subjaz à questão “Contra hua dama, ó peitos carniceiros, / Feros vos mostrais e cavaleiros?”.

Em jeito de conclusão, Camões mostra a própria Natureza entristecida diante do crime, chorando a “morte escura” da donzela, perpetuando a fatalidade numa fonte pura de onde correm lágrimas em vez de água, que recordará para sempre tais Amores.