Perguntei-lhe “O que fazes?”, apesar de saber a resposta. “Nada”, respondeu. Mas eu sabia que estava a mentir. Vi-a a escrever no seu diário, mas ela não gostava que as pessoas o vissem. De todas as vezes que alguém se aproximava, escondia-o. Talvez o considerasse o melhor amigo que naquele momento não tinha.
-Margot?- chamou ela, interrompendo o meu raciocínio.
-Diz!
-Achas que falta muito para esta guerra terrível terminar?
-Em breve estaremos em nossa casa, com a nossa família, com os nossos amigos e com todas as pessoas que amamos. Em breve seremos novamente pessoas, e não apenas judeus.
Vi o quanto esta frase lhe tocou. Pegou no seu diário e, quando me virei para ir embora, li um excerto do que ela estava a escrever. “Chegará a altura em que seremos novamente pessoas, e não apenas judeus!”
Mas lá no fundo, sabia que não acreditava muito nisso.
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